bitácora

01.01.2017

Estou parada sobre o primeiro dia de 2017, que em tudo, nos mais mínimos detalhes, se assemelha ao último dia de 2016. 

De ontem pra hoje, vivi o que fiquei na dúvida se era minha primeira insônia de 2017, ou minha última de 2016. Se Patti estiver certa, com todas as suas superstições sobre o que fazemos no primeiro dia do ano e sobre como isso se repete o ano inteiro, eu terei muita insônia, e passarei o ano com Cortázar. Prefiro pensar, nesse caso, que haja sido uma despedida do ano mais insone da minha vida. Olhei o calendário lunar, a lua nova não explicava a desobediência dos meus olhos ao cansaço do meu corpo. Mas gostei de pensar que ela traz, assim como a mudança de ano, a ideia de que tudo ainda está para acontecer. 

Depois de um cochilo eu fui pro mar. Minha mãe nem lembrava mais a última vez que ela tinha entrado na água, fizemos todos um esforço e nada! Eu lembro que ela usava um maiô, não, um biquini preto, eu acho. Não sei que idade eu tinha, mas certamente eu era criança. Entramos todos na água. Minha mãe e meu pai queriam rezar, como eu não tinha um rito meu, aceitei o desejo deles de emprestarem suas rezas a mim. 

A primeira cena de hoje, a primeira que eu realmente vi, foram dois meninos descendo o morro do careca rolando. Achei lindo. Antigamente, meu avô dizia que a primeira pessoa que se via em um ano, trazia consigo notícias de sorte ou de azar. Fiquei pensando se eu poderia relacionar as duas coisas. Se sim, acho que esses meninos, nem me adivinharam sorte, nem azar, mas bem muita poesia.